Segundo informações da Cruz Vermelha, centenas de pessoas ainda estão em abrigos improvisados no município.
Funcionários e voluntários da Cruz Vermelha de São Gonçalo utilizam tratores no resgate de vítimas do temporal que assolou o município de São Gonçalo. Em vários pontos da cidade, ainda existem alagamentos.
Cerca de 48 horas após a forte chuva que atingiu São Gonçalo, a situação em alguns bairros da cidade ainda é crítica, informou Márcio Araújo, presidente da Cruz Vermelha da cidade. Segundo ele, nesta sexta-feira ( o nível da água ainda atingia as canelas em alguns pontos. Centenas de pessoas estão em abrigos improvisados. No Salgueiro, uma das regiões mais atingidas pelo temporal, 100 pessoas estão em uma igreja. Nas Palmeiras, 200 encontraram abrigo em uma escola. Mas a situação mais grave é de 150 pessoas que ficaram praticamente ilhadas no Conjunto Habitacional da Marinha.
“Devido à região ainda estar alagada e com muita lama, o acesso até lá é difícil. Fica complicado para levar água e comida, assim como retirar pessoas doentes e mulheres grávidas”, explica Araújo.
Desde quarta-feira a Cruz Vermelha atua em São Gonçalo com 45 pessoas, entre elas muitos voluntários, utilizando um trator, um caminhão e vários barcos emprestados pelos próprios moradores. Em alguns locais, tem sido necessário apoio de um helicóptero do Corpo de Bombeiros. O caminhão é usado para levar donativos e o trator e os barcos para a retirada das pessoas das regiões que ainda estão debaixo d’água.
- População ainda sofre com a água que não escoou.
“A gente tem encontrado muita gente passando mal, principalmente idosos, crianças, mulheres grávidas e pessoas que tenham alguma doença, como cardíacos”, conta o presidente da Cruz vermelha de SG.
Não faz muito tempo, a gente fez este mesmo trabalho. Na chuva anterior [há cerca de um mês], por exemplo, nós fizemos este mesmo trabalho aqui nas Palmeiras, onde fica o Conjunto da Marinha. Na época a Prefeitura de São Gonçalo demorou muito a agir. Isso não pode acontecer de novo”, declarou indignado.
Bairros que ficam às margens do Rio Imboaçu também ainda estão sofrendo os efeitos do último temporal. Na Brasilândia, moradores reclamavam que o problema foi agravado por causa das obras de uma galeria que foram paralisadas em 2012, para as quais foram disponibilizados R$ 140 milhões em recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal.
“Temos uma ponte de madeira improvisada sobre o rio Imboaçu, mas a chuva veio e derrubou o corrimão e deixou ela bem precária. Essa é única ligação entre os dois lados da rua e para ir até a padaria nesta manhã tive que passar por ela, mas é bem devagar, porque o medo é constante”, diz o psicólogo Paulo Mendonça, de 56 anos, morador da região.
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informa que as obras estão paradas porque a Prefeitura até o momento não indicou uma área licenciada pelo município para o descarte do material de dragagem.
O órgão afirma, ainda, já vinha agilizando a alteração da licença de operação da obra da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) de Alcântara, para que o seu local de descarte possa receber também material retirado do desassoreamento de alguns rios do município.
Outra moradora, a diarista Márcia Pinheiro, de 54 anos, que reside na Avenida Imboaçu, conta que uma cratera se abriu em frente à sua casa e destruiu o carro de seu irmão, um Fusca que estava estacionado na porta. Além do carro, a família perdeu vários pertences quando a água invadiu o imóvel.
“Perdemos os móveis da sala e a televisão. Ontem, nem fui trabalhar para ficar o dia inteiro tirando lama de dentro de casa”, contou.
No Boa Vista, o muro de uma casa caiu na Rua Pires do Rio. A dona do imóvel, Ana Paula Rocha, de 29 anos, disse que estava na sala com toda a família rezando para que a chuva parasse e não derrubasse a casa toda.
“O muro caiu e com isso rachou parte do quintal e chegou até o quarto da minha filha. Não temos para onde ir, temos que arriscar ficar aqui”, disse.
A mãe de Ana Paula, a dona de casa Vera Lúcia Rocha, de 63 anos, disse que a família não tem dinheiro para reconstruir o imóvel.
“Uma tristeza, estamos todos dormindo em um canto da casa para não usar este lado que ficou rachado temendo o pior”, declarou.
Doações – Várias igrejas evangélicas e católicas das regiões atingidas estão recebendo doações para as vítimas. O clube Canto do Rio também está recebendo doações para as vítimas das enchentes em São Gonçalo. As doações podem ser feitas na secretaria do clube, de terça a domingo, entre 8h e 19h. O Canto do Rio receberá os donativos como alimentos não perecíveis, leite, fraldas descartáveis, material de higiene e limpeza, colchões, lençóis, toalhas e afins.
INEA-RJ - PERGUNTAMOS: Se todos os anos existem verões, temporais, e muita chuva, por que não prevenir, dragando os rios durante o inverno?
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